quarta-feira, 9 de maio de 2007

História da minha fuga das prisões de Veneza



Giacomo Girolamo Casanova




Giacomo Casanova foi um boémio do séc. XVIII, escritor e aventureiro italiano, que apaixonou mulheres, de quem se tornou amante, e homens de poder que exerciam mecenato proporcionando-lhe estudos, viagens e extravagâncias em troca da convivência com esta personalidade tão peculiar.



Corria o ano de 1755 quando Casanova, vivendo a sua normalidade de vida boémia, é preso, sob a acusação de levar uma vida dissoluta, de possuir livros proibidos e de fazer propaganda anti-religiosa, mas o próprio desconhece os motivos de tal sentença.
É levado para a cadeia dos “Chumbos”. Inicialmente pensa tratar-se de um equívoco e espera pacientemente pela sua libertação acompanhada de um pedido de desculpas. Tal não acontece e a sua preocupação aumenta com o passar dos dias. As condições em que sobrevive são desumanas. Por ser tido como uma pessoa de bem, Casanova recebe contudo um tratamento “especial” do guarda responsável pela cadeia dos Chumbos, que lhe possibilita alguma liberdade condicionada dentro da própria cadeia. Esses escassos momentos “à solta” permitem a Casanova reconhecer o território onde se encontra e angariar algum material que lhe virá a ser necessário na sua empresa de arquitectar uma fuga. Este é o fio condutor de uma história deliciosa repleta de peripécias fantásticas, das quais sobressai a inteligência e mestria de Casanova. É nítido o seu conhecimento dos grandes filósofos e pensadores que cita de cor. É sem dúvida, um homem de uma cultura imensa e que nada deixa a desejar à criatividade. A sua capacidade de persuasão permite que leve avante o seu plano, algumas vezes reformulado, por força das circunstâncias e concretizado com a ajuda de outros companheiros de prisão, que não conhece pessoalmente, mas com os quais envereda relacionamento através da boa vontade e ignorância do guarda da prisão que, com a sua genialidade ludibria facilmente.
É simplesmente deliciosa esta história verídica, contada pelo próprio autor, onde estabelece um diálogo cativante com o seu leitor, esclarecendo todas as suas decisões e pensamentos, para que não restem dúvidas sobre a sua inocência em todos os actos que comete. É impossível não ficar do seu lado, pois Casanova tem um poder quase mágico que encanta com a sua sabedoria capacidade oratória.
Vale a pena saborear cada momento desta história de loucura saudável na busca da felicidade perdida.

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